O Segredo de Purim

Qual é a importância da festa de Purim? Qual é a conexão entre Purim e Iom Kipur? Purim é o “Carnaval” Judaico?

 

Antes de entendermos a importância deste dia mágico e o que tentaram fazer neste dia com o nosso povo, vamos falar o que o Rav Shalom Arush nos ensinou no Shabat passado na Parashat Zachor. Todos os anos antes de Purim cumprimos o mandamento no Beit HaKnesset de escutar a Lembrança do que Amalek fez com o povo de Israel no deserto e cumprimos com esta leitura o mandamento de eliminar Amalek do mundo. Amalek é um povo descendente de Esaú que não respeitou e temeu os milagres de Hashem com o nosso Povo de Israel. O Midrash diz que quando o Povo estava no deserto, Nuvens de Santidade protegiam de dia e Nuvens de Fogo protegiam a noite, mas os que praticavam algum pecado eram expostos ao deserto e não tinham esta proteção espiritual e física. Amalek sabia dos milagres que ocorreram no Egito, da abertura do mar vermelho, a Entrega da Torah, mas mesmo assim eles quiseram matar os que estavam “fracos” e os pecadores que ficaram desprotegidos… Está escrito que Amelek mutilou, torturou e jogou o símbolo da Brit Kodesh dos judeus que erraram e estavam em processo de Teshuvá, para o Alto e gritou ao Criador: Onde está o pacto?

 

Em toda geração Amalek se revela e tenta destruir o Povo de Israel, as vezes com a filosofia, com ateísmo, como um nazista, como um terrorista. O mandamento é destruir Amalek, da mente e do coração e também guerrear contra ele fisicamente. 

 

Rav Shalom Arush disse: Está escrito no livro Sfeti HaEmet que um Judeu, mesmo pecador e com um nível baixo de cumprimento dos mandamentos, tem a força do Cohen HaGadol no Kodesh HaKodashim em Purim. (Sabemos que o Sumo Sacerdote no dia de Iom Kipur entrava no Santos dos Santos para rezar pela expiação de pecados de todo o povo, eles tinham o hábito de fazer uma reza de Hitbodedut para todo o povo). Então, mesmo um pecador, que usa a força e se concentra na Reza, se arrepende e reza o máximo possível em Purim… pode receber grandes milagres!

 

Está escrito na Torah que o nome do dia da Expiação em Hebraico é Iom HaKipurim, que pode ser traduzido como “O dia da Expiação” como também, “O dia do sorteio” (Pois o Cohen HaGadol sorteia dois sacrifícios um para Hashem e outro era jogado no monte, azazel). Os Rabinos explicam que pode ser lido de outra maneira que Iom Ke-Purim (tradução: O dia como Purim) ou seja, que o dia da expiação é parecido com o dia de Purim, então Purim é o principal e mais elevado dia do ano! O livro Kedushat Levi, escrito pelo Rabi Levi Ytzchak de Berditchev diz: “A elevação e a expiação que é feita em Iom Kipur através do jejum e da auto anulação é feita em Purim por meio da Alegria, da Tzedakah (caridade) aos pobres, da leitura do pergaminho de Ester, dos presentes para amigos, e de beber o vinho ad lo yada!”

 

Bom, até aqui já entendemos resumidamente o que uma pessoa que tem Emuná em Hashem pode realizar com as rezas neste dia, e a grandeza de Purim que é mais elevado do que Iom Kipur, o dia da Expiação! Agora eu te convido a se aprofundar um pouco mais nos dados históricos do dia de Purim e na extrema importância de cada um de nós lermos a Megilat Ester em Purim. Estudaremos juntos a interpretação Chassídica do grande Rabi Natan de Breslev no livro Likutei Halachot – Purim 1-1:

 

Que Hashem me permita traduzir sem erros e que fique explicado de acordo com a vontade dos Céus. Só para deixar claro, esta história que vou escrever se baseia no Midrash e foi a primeira tentativa de Haman para destruir o povo judeu, estes dados não estão escritos na Meguilat Ester.

 

Quatro gerações após a destruição do Primeiro Templo em Jerusalém, se ergueu um Rei que era antes um simplório cuidador de cavalos, seu nome era Achashverosh, sem nenhuma linhagem do Reinado e ele se casou com Vashti, a bisneta de Navuchadnetzach (Nabucodonosor). Mas, como um simplório se tornou rei? Ele juntou bastante dinheiro, contratou mercenários e tomou o poder de toda a Babilônia (Iraque), Pérsia (Irã) e boa parte do mundo. 

 

Como todo Rei perverso, ele buscou alguma maneira de destruir o povo judeu que nesta época já se aproximavam do ano 70 do exílio de Bavel. Ele tentou roubar o Trono de Salomão, roubou todos os utensílios do Beit HaMikdash e resolveu fazer um ‘Carnaval’ – uma festa absurda que duraria quase 2 anos, onde ninguém trabalhava mais e nem estudava, só tinham bebidas, zueiras e muita comida. Ele “respeitou os judeus” iniciando a sua festa no dia de Iom Kipur, servindo comida Kosher… Convidou os judeus a comerem comida Kosher em Iom Kipur, servindo a todos com os utensílios sagrados do Beit Hamikdash, querendo arrumar alguma maneira para destruir completamente o povo judeu. Ele também convidou um servo do mal, um Amalequita que se chamava Haman, que seu nome seja apagado e esquecido. Haman com a sabedoria da impureza aconselhou ao Rei Achashverosh a fazer uma celebração ininterrupta com muita comida e assim eliminar o povo judeu no dia 7 de Adar, pois foi o dia de falecimento de Moshe Rabenu. Moshe Rabenu trouxe a Torah, então na mente desse perverso, neste dia o povo estaria fraco em Torah!

 

E estas são as sagradas palavras do Rebe Natan de Breslev:

Aqui está o princípio do poder do reino do mal, que é Haman-Amalek, quando o reino da santidade está oculto, no segredo de Ester, como está escrito: “E uma nação será fortalecida”. E, portanto, a realeza se tornou mais forte por causa do defeito e do pecado de comer que os fez desfrutar da refeição do Perverso, por isso se tornou mais difícil sair do exílio e começou o decreto de morte para todo o povo, pois o desejo de comer, a gula, oculta o mundo espiritual para o pecador. Porque o defeito de comer algo não kosher causa danos à paz pessoal. E o povo judeu estava prestes de completar 70 anos do exílio, conforme era sabido na época e como foi revelado aos profetas que o Exílio Babilônico duraria somente 70 anos. E, portanto, como estavam próximos da finalização dos 70 anos, os perversos erraram o cálculo e pensaram que já tinham terminado e o povo não seria redimido e então seria possível exterminar todo o povo, chas veshalom. Quando Haman e Achashverosh viram que Israel ainda não havia sido redimido e não havia sido despertado de seu sono, (tinham feito Teshuvá) portanto, ele pensou que eles não seriam redimidos e despertados novamente, porque até os setenta anos havia esperança de despertar do sono, como o tempo foi “terminado”, já não seria possível despertar todo o povo para Torah e Teshuvá.

 

O Zohar ensina que a Torah possui setenta faces, e o exílio provocou a queda do nível de cumprimento e estudo da Torah. E eles caíram de todas as setenta faces. Os perversos tentaram se aproveitar deste sono espiritual, oferecendo comida Kosher em uma mesa que havia muitas comidas não Kosher, pois eles entendiam que por meio da gula seria possível gerar um sono espiritual a todo o povo judeu e assim eles dormiriam sem despertar. O método para a redenção e do despertar espiritual é através do Sipurei Maassiot – Dos contos antigos. Porque Mordechai tem a guematria de Rav-Chessed e Ester significa o oculto. Através da leitura de Sipurei Maassiot – Contos antigos que neste caso é a Meguilat Ester, é possível despertar do sono espiritual e ativar as setentas faces da Torah e com isso ativar a luz oculta da redenção. E é isso que Mordechai e Ester fizeram ao ordenar a leitura da Megilat Ester, ano após ano, de geração em geração, em cada país e país, em cada cidade e cidade. Para que a Luz Oculta que está na Meguilá possa despertar os que estão em sono profundo e assim todos juntos traremos o Reinado de HaShem Itbarach a Tzion em nossos dias, Amén.

 

Não percam a leitura da Megilat Ester, não deixem de rezar muito pela sua redenção pessoal e geral, de todo o povo. Que seja revelado o quinquagésimo portal da pureza espiritual e que este Purim não seja um “Carnaval Kasher”, mas que traga Mashiach, em Purim. Amen veAmen!

 

Está escrito na Halacha que todo aquele que estender a mão para você, é um dever ajudá-lo. Claro, cada um de acordo com as suas possibilidades. O Rav Shalom Arush nos ensinou que o mesmo que está decretado neste mundo, também está decretado nos céus, se neste mundo em Purim qualquer pessoa que estende a mão recebe, nos Céus é o mesmo, se nos dedicarmos em rezas estendendo as nossas mãos ao Senhor dos Mundos, receberemos o que pedimos!